Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

domingo, 23 de maio de 2010

Idade

Nas passadas destes dias aproveito a chance de ficar mais em casa. Somo as horas de trabalho e estranho ter tido tanto espaço para fazer atividades alternativas. Uma delas é julgar. Julgar se aproveito o momento que me deram, se gerencio bem ou mal os meus afetos, se encaminho com luz os recursos - que trocados pelo tempo, não valem muita coisa, e podia era ficar ainda mais em casa.

Hoje perdi um amigo, não pela morte, mas pela mútua intransigência. Talvez eu devesse ter sido mais maleável, mas sofro o fleuma da idade e da impaciência, controversos, mas que unidos me marcam como avesso, até antipático.

Recebi, há alguns dias, certidão de longa vida, como se fosse determinável. Abri o envelope da forma de quem anseia um prêmio:

“O vencedor é…

   a sorte!”.

Na soma das adversidades me perdi do que esperar; cético, me agarro às propabilidades com a matemática do mal-avinhado. Então se meu leite coalha ou o vinho azeda, não disfarço, nem exagero, espelho claras caretas de desagrado, agora, se o doce fica no ponto ou ganho uma oferenda, também não revelo sorrisos arrebatados.

Ganhei dias, horas, meses, anos ou minutos para uma nova crônica inteira, mas ja escrevi, segundos, séculos, milênios sobre o instante de toda uma vivência.

Será que deveria julgar isso?

Nas paradas que não trabalho, revejo e me  perdoo, com a libido seletiva tiro prazer destes pecados, e apesar de perder um amigo, com o que resta, me divirto. 

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