Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Jornal da Manhã

Quando meu pai deixou de assistir jornal de TV tentando fugir das desgraças, achei tão estranho quanto inútil, para mim "era coisa de velho", mais uma mania junto com a suposta rabugisse que ia a cada dia mais se intensificando.

Acordei como em toda segunda-feira, pior, como em toda segunda-feira que desperto no trabalho. A TV esquecida ligada e a vinheta do Bom Dia Brasil serviram de despertador matutino. A taxa de acidentes, e as mortes neste fim-de-semana de feriado, foi o maior de todos os anos, o índice de criminalidade explodiu, como a cabeça das duas crianças mostradas como vítimas de bala perdida, teve até uma festa pop em que todos foram fuzilados. E não adiantava nem procurar ajuda, porque no SUS faltam muitos médicos, um disse que era culpa dos valores, responsabilidade do governo, ridularmente baixos, outro críticava, aos gritos, a falta de comprometimento dos profissionais que não querem assumir os riscos em troca de uma coca-cola. Aí vem o futebol, que eu particularmente odeio, este circo que me incomoda, disfarça a previsão de aumento de preços, que falta leite no mercado, permanece o caos na aviação e os riscos. São diversos os riscos, não há segurança, nem em casa, nem em estradas e dizem vão mexer na aposentadoria, estou lascado. O Senado é pior que em Roma, Julio César teria se matado, Renam joga com os conselhos, ameaça falar mais alto, enquanto uma familia, desdentada, sorri anunciando, vai manter um Lula no mandato. Socorro, quero o controle remoto, prefiro mesmo ficar a parte.

Devo é estar ficando velho. Agora é tarde. A vinheta da manhã não me sai da cabeça, sinto um misto de medo com enxaqueca. Me digam o que faço com o resto do meu dia?
Amanhã não ligo este troço, só falta meu filho me chamar de rabugento, mas meu pai tinha seus motivos, eu que não entendia direito.

Diário da MOrsa

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