Um dia abri um buraco na grama do jardim e protegidas em sacola plástica embalei memórias pelo que pudesse ser preservado pelo físico- recortes, moedas e postais. .
Até a folga espiava pela janela ansioso a passagem do tempo, tentava, sem atenção, decorar o tema, como entender que os corpos são feito de átomos; nêutrons e prótons, logo, mesmo que não percebesse havia matéria a circular pelo quarto.
Pausa, se o dia fosse colorido correria para a amplitude da rua, se nublado, deitaria para pensar na brevidade da vida, mas se chovesse, alívio, convidaria meu irmão para um banho no jardim das dúvidas e segredos.
Qual a hora para a primeira namorada? Chegarei a idade do meu pai? Saberei criar meus filhos? Terei dinheiro para viver por mim um dia? Conseguirei passar em todas as provas da vida?
O tempo no entanto correu pela janela, e outras lições, e muitas, ficaram dispersas ou perdidas.
-Não tão rápido, não tão rápido...Foi-se o jardim, a casa com grama, a propriedade com o local exato dos meus preservados.
E assim, mesmo perdido no buraco das memórias, as lembranças estão soltas como os átomos que sempre tiveram por ali, dispersos desde aquele quarto.
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