Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Bom dia

Café. Ela acorda antes do ruído da cidade. Apesar de tão cedo a casa ainda cheira a pinho, nem o perfume, último presente mais caro, e cujo o frasco mantem-se preservado, fixa-se ao ar por eternidade.  Não avalia esta mania de deixar tudo arrumado; as roupas alinhadas, os lençóis imaculados; há ordem para coisas, e esta tudo ordenado, mesmo que sobre tanto dia - o dia nasce acabado.

Companhia. Quem vasculha música é homem, mulher ouve o que toca. Foram-se as estações de dor e cotovelo, também as ondas dissiparam.

Reflexão. Cruzado sob a mesa, olha os pés desamparados,  amareladas pantufas,  e o esmalte, dos dedos, lascado, fazem par, ao lado,  cinzas  que sujam, caídas, do cigarro mal dragado.

Dois pontos. “Quem meteu-me neste vício?”

Movimento. Da mão, os dedos, em vão, arrastam  as frutas do oleado, a xícara queima sem aquecer a natureza morta. Café forte desperta mas sem amor, não importa.

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