Café. Ela acorda antes do ruído da cidade. Apesar de tão cedo a casa ainda cheira a pinho, nem o perfume, último presente mais caro, e cujo o frasco mantem-se preservado, fixa-se ao ar por eternidade. Não avalia esta mania de deixar tudo arrumado; as roupas alinhadas, os lençóis imaculados; há ordem para coisas, e esta tudo ordenado, mesmo que sobre tanto dia - o dia nasce acabado.
Companhia. Quem vasculha música é homem, mulher ouve o que toca. Foram-se as estações de dor e cotovelo, também as ondas dissiparam.
Reflexão. Cruzado sob a mesa, olha os pés desamparados, amareladas pantufas, e o esmalte, dos dedos, lascado, fazem par, ao lado, cinzas que sujam, caídas, do cigarro mal dragado.
Dois pontos. “Quem meteu-me neste vício?”
Movimento. Da mão, os dedos, em vão, arrastam as frutas do oleado, a xícara queima sem aquecer a natureza morta. Café forte desperta mas sem amor, não importa.
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