Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Despertador

Alpendre

Acorda, é hora!

Meu relógio tem defeito,
sem sentido, roda, roda, rola.
Ao chão.
A cama atiça e o corpo rola, rola, rola, roda.

Enjôo, não!

Volto ao tempo sem motivo,
antes tarde do que sempre,
nunca, é nunca como agora, é hora, hora, ora!
Sente.

Minhas roupas estão desfeitas,
Uma pende ao colarinho,
teu vestido, lá, sozinho,
pede, pelo avesso,
mofa e repete,
amarrota,
torce e despede
de meu amarrotado carinho.

Vejo o dia no aguardo
Uma mesa me espera
o café esta passado, nada mais é o que era.
O amargo
vem do hábito,
O gosto
vem do hálito,
Mas a cama, ainda morna,
esta ora, rola, roda e verte.

Meu desejo era ver-te
mas não sei mais a que hora
meu relógio tem defeito
tem o tempo sem sentido
o sentido sem ter tempo
rola, rola, rola e rola.

preciso tratar da vida,
preciso despertar,
embora,
precise encontrar motivo
por isso...

Acorda, agora!

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