Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Calcinha


Chega de mansinho e avisa,  não tem isso a ver com nada.

A roupa íntima, agora pública, correu de mão e mão pelo escritório. Fez-se de admirada, surpresa de ver as as penas penduradas, identidade de tarada,  louca, pouca roupa de devassa. 

Estouvada por deixar a mostra. Não rendeu-se aos comentários, nem às rendas exageradas,  vivamente coloridas, alegoria do desejo contido, muito embora recatada.  Anunciação de libido, quem sabe assim saciada. 

Caiu da bolsa, sacanagem, pura, imaculada, virgem fantasiada  pela  sugestão e pensamentos  - infectada.  

Mau juízo e risos. Piadas porcas sobre um pequeno pano, revés de castidade. 

Assumiste propriedade? Dissoluta, quem sabe libertina, liberta, enfim, por um  fato? 

Tivesse coragem, estaria a parte, serias vista, e  assim lembrada. Crítica, dela, também foi tema, perdeu a chance e já era tarde, ao sair de cena, perdeu a graça, perdeu o êxtase, subjugou o gozo e de mansinho, como se não tivesse a ver com nada,  permaneceu muda e casta, um trapo, como o pano enfeitado, sem dono e abandonada.


Marcelo Freda Soares

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