Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Livro

Silêncio. Ao lado da cama, o livro continua virado.  Desisto, quando não me identifico. Pelo mutismo, não ligo o rádio. Parei, sem deixar marca, quando o casal,  buscava, em separado, o juizo e o entendimento; ele no  passado, ela em qualquer tempo.

Ruido. Queria saber o motivo destas  sirenes tão cedo e altas. De  ambulância, tenho receio; a  polícia me assusta; não me importo com  bombeiros. “Se há fumaça, há fogo!” Esqueço…onde larguei o  cinzeiro?

Delonga. O chá é sobra da noite, mais a mão do que por estar quente. Procuro, no emaranhado das cobertas, algo com  talhe de gente. O jornal traz notas mornas. Achei o controle, mas não o relógio,  e um, de dois óculos que preciso, e assim como prefiro um café quente, visto estes, a custo de estarem mais próximos.

Interesse. Da TV ouço as notícias, sem vê-las, do mesmo modo que imagino das sirenes os piores fatos. Um da razão ao motivo, outro vazão ao descaso.

Enredo. O livro é sobre um crime, iniciado no abandono.  As almofadas daqui cheiram mal, tem pó demais na cabeceira, encontro a bituca caida e a arma  imaginária do medo. Há sempre uma terceira pessoa - Como fui dormir com os pés resfriados?  - preciso ir além do que vejo, preciso ir além do telhado. Desta ninguém esta ileso, não há mais que um breve relato.

Derradeiro. Não entendo bem o que escuto, nem interpreto bem o que leio. Alguém sucumbiu ao meu lado, ou foi no capítulo primeiro? De certo, além do instrumento, perdi o sentido das horas, nem sei se sou verdadeiro, se hoje é dia útil, folhetim, ou feriado. Até que alguém me retome, cubro as pernas só e me aqueço. Até que alguém me retome aguardo como livro ao avesso.

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