Foi como um convite a voltar a escrever, no entanto, tanto quanto como as chaves e os documentos que nunca acho, a vontade foi se desfazendo por não saber onde havia deixado minhas canetas. Começou com o encontro daquele velho caderno, as notas e rabiscos que não se completavam, assim como minhas vontades, opções e atos. Marcavam uma época sem nome ou diagnóstico, definida e registrada pela forma anarquicamente organizada para, quem sabe num além, amanhã ou agora, viessem a ser entendidas. Eu, e não sei se mais alguém desta mesma vida, talvez conseguíssemos recordar um mínimo do relato, mas não os vôos do pensamento e os devaneios de uma cabeça que estava a procura de suas idéias. Metonímia, como as chaves a designar liberdade e outros subterfúgios de quem não se resolve por idade.
Então, a incontrolável vontade de completar os textos ou deslustrar os desenhos que por vezes os acompanhavam. Folheio e releio, são descobertas camufladas, ansiedades transladadas em hiperatividade que pela motricidade perturbadora trazem em indecorosos traços mal legíveis mais um sinal para ser compreendido. Assumo que não melhorei a letra. Será que ainda vivo agitado e tudo que fiz foi arremedo desta falta de controle? Não estudei caligrafia, mas continuo querendo me entender com estas linhas, e que vontade de passear por elas, tanto do hoje ou do passado.
Mas não acho minhas canetas, e temo um dia vir a perder este entusiasmo.
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