Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Camafunga

Havia um cofre de barro em forma de peru, tinha sido da minha avó, ou da avó da minha avó, não sei. Também não sei o valor daquele objeto centenário que quando criança brincava sempre com o cuidado por saber ser ele velho, uma relíquia de gosto duvidoso, mas que fazia parte das gerações da família. Hoje durante a janta de aniversário de 45 anos de casamento de meus pais fico sabendo que o peru foi encontrado quebrado, caiu de uma caixa ontem mesmo e ficou em pedaços. Minha mãe traz o que havia encontrado dentro dele, um pedaço de papel escrito por mim há 29 anos, eu ainda criança havia escrito os versos acima, escondido dentro do cofrinho até um dia ser descoberto. Fico surpreso por perceber qeu sempre fui Camafunga, e que estas coias qeu hoje faço como fuga são e realmente resquícios daquele menino diferente, pensativo e cheio de idéias. Clicando na imagem ela aumenta, mas vou repassar o que foi escrito por este menino na voz do peru:
Por mim muitas gerações passaram
Umas se foram
Outras ficaram

Muitos me viram
E me tocaram
Muitos me cuidam
Muitos me estragam

100 anos no mínimo tenho
Vi coisas e fatos
Que você não viu
Espero durar para ver
O que seu neto vai fazer

Mas estou aqui eu sei
Todo quebrado, quebrei

Marcelo 1978
31/05/78


A mensagem que fica, se à vera, é de um menino com paciência que produz um texto a seu jeito falando de finitude mas sem a preocupação do tempo para que tome efeito, e ensina a si, mais velho, a difícil lição desta dúvida e espera.
Te agradeço!

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