Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

terça-feira, 30 de março de 2010

Música

A pouco separado, alimentado por perversa nostalgia, ele chegou com uma referência, e era só o que queria:

“Qual era a canção que tocava toda vez que eu esperava a Luiza na saída do cursinho?”.

Esta bem que tenho fama de conhecer música, um tipo  que fica entre a mpb e o jazz mais clássico, passando pela bossa-nova e o bepbop; variada, como atravessar da juventude a maturidade viajando por letras cheias de poesia, contidas de respostas, que enternecem e acalmam; depois, ceder até a total improvisação dos acordes dissonantes, que deixam de explicar, mas afrouxam os sentidos, entorpecem o corpo e enlevam a alma: música.

Minha história musicada tem um pouco a ver com os relacionamentos. Daí a riqueza dos vários movimentos. Já enfrentei o pop, sem arrependimento; o rock com pouca identidade; o samba, o blues, o reggae; até me acomodei ao brega em um amor maldito. Sou capaz de associar a trilha a pessoa, mesmo que doa, mesmo que não diga nada.

O fundo da minha vida nem sempre correspondeu a adequada idade. Fui contemplativo quando deveria estar dançando, e solto,  corporal, no momento de ser reflexivo. Deve ser por isso que ganhei a fama. Entender do assunto, significa gostar do  que não era pertinente, ser incomum a minha gente. Sábio aos jovens,  moderno aos mais antigos, sem, no fundo – musical-  ser nada disso.

Mas, qual era a musica que aguardava Luiza?

A julgar pelo tempo, mais do que por andamento e ritmo, e bem mais, pelo segredo de dividir mesma esperança,  dela, sabia além do que se percebia. Tivesse me perguntado qualquer outro detalhe -com que roupa ia a aula, a cor do melhor vestido- também responderia, tanto quanto, quantas foram as vezes que nos encontramos, lá mesmo, na saida do curisnho, escondidos. Entre a dança e a calmaria e a traição juvenil que ora omitia, preferi não responder, fingir que não sabia, mas… “Please don´t go” era  só o que ele queria.

Nenhum comentário: