Street photography e alguns textos, porque nunca se sabe o que pode passar pela cabeça ou pela frente.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Festas


Pensei em deixar alguma coisa para os amigos que convivo, também para quem me le sem que eu conheça, mas, que por algum capricho, tem interesse no que escrevo. Poderia dizer, quem sabe,  que hoje é um  dia especial, no entanto, esta cadeira que me ampara é a mesma de sempre, e nela, devo me jogar pelo resto deste dia e mais de uns tantos parecidos que virão pela frente. O que dizer?
Nem o trabalho me dá folga, afinal,  sou falho em me organizar para aproveitar festas com datas marcadas. Verdade, que em tudo, prefiro o improviso,  por isso, sou o que sobra para  o prático quando a  maioria está a comemorar em bandos. Até os presentes já foram dados, mais por afeto do que por convenção, distribuo, principalmente os relevantes, do mesmo modo, seja no Natal ou em aniversários, repassando com bastante antecedência, não para fugir das compras, mas para talvez, por dentro, venha a me sentir livre, liberado.
Foi-se o época da ideologia ou de querer bancar o revoltado, a esta altura, azar por este sistema, guardo apenas um pouco de pena dos que se  deixam levar, como desesperados, atrás de obrigações inventadas,  e da mesma forma, temo pelas  falsas euforias que comumente trazem a depressão por rebote, mas isso é o máximo a que me permito.

Enfim, é de minha natureza não ficar nem mais, nem menos, sensibilizado. Como animal, nestas horas mesmo as saudades são como um reflexo condicionado, uma música que lembra o avô, meu tio que pode balançar em um ornamento, o amor perdido no peito do chester ou a desilusão profunda resumida no forte cheiro da lentilha. Minha emoção dirigida é fisiológica como baba, e por estranho que pareça, este reconhecimento me conforta.
Por bem, tenho o resto do tempo para celebrar o que acho que realmente me importa, congratulo-me por ter mais, e quem sabe, melhores amigos, pelo entendimento de meus filhos, de minhas limitações e qualitativos interesses, por ser inesperado, por confundir comportamentos e mante-los  agregados,  além do afeto, e sem nadar em garantias, ter o suficiente para continuar me defendendo, por me angustiar, e até por isso, gostar muito do que faço, apreciar o espaço que me resta, sentir o conforto da cadeira que ampara, do ar que ainda respiro, de conciliar trabalho e arte, forjar a criatividade misturando os fatos sem a divisão do tempo, de equalizar os dias para esquecer dos meses, até, por fim, ignorar idades, de ser simples e apenas simples para alimentar o meu ego, de ser especial, como qualquer dia.

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